(Por Ingrid Vogl)

Em sua trajetória de quase nove décadas, a Casa Santana valoriza a arte da culinária, já que acredita que o momento da refeição fortalece vínculos familiares e sociais. Esta questão está diretamente relacionada aos valores da instituição social que oferece o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Intergeracional e que entre as diversas atividades promovidas nas quatro unidades em operação (Centro, Jardim Rossim, Jardim Florence e Jardim Esmeraldina) oferece a oficina de auxiliar de cozinha.

Com parceria do Instituto Robert Bosch desde 2006, a oficina é referência na área e constantemente é demandada por restaurantes locais e prestadores de serviço em busca de mão de obra qualificada. Quanto ao público participante, além do interesse espontâneo, há pessoas que chegam encaminhadas por diversas instituições da rede de assistência social do município, como Centro de Orientação ao Adolescente de Campinas (Comec), Instituto Padre Haroldo, Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância (CRAMI), entre outros.

A oficina acontece na unidade do Centro, tem duração de quatro meses, capacidade para atender de 40 a 45 interessados, aulas às terças e quartas-feiras, com carga horária semanal de 6h. No término do programa, certificados são emitidos aos participantes concluintes da oficina.

Segundo Joseane Almeida Santos Nobre, nutricionista e coordenadora das oficinas oferecidas na entidade, parceira da Fundação FEAC, a formação possui duas vertentes: uma voltada à capacitação dos participantes para o mundo do trabalho e outra que estimula o empreendedorismo individual, focado na geração de renda.

Durante a oficina os participantes passam por diversos módulos que abordam temas como legislação relacionada à vigilância sanitária, precificação de produtos, leis trabalhistas, introdução ao mercado de trabalho, saúde, gastronomia, entre outros.

A oficina também aborda questões como ética, cidadania, e comunicação e expressão, assuntos que são ministrados por Cristiane Tameirão Pires, assistente social, e Joyce Pina da Silva, educadora social. Tudo o que se aprende na teoria, os participantes da oficina também vivenciam na prática, em uma cozinha disponibilizada na instituição especialmente para a oficina.

“Também contamos com parcerias, como a Unicamp, onde visitamos a cozinha industrial da universidade e com a Atilatte Laticínios, que disponibiliza um de seus profissionais para participar de alguns momentos da oficina. Para o próximo ano, queremos ampliar ainda mais essas parcerias, que trazem valiosas vivências”, afirmou Joseane.

Segundo Aline Romero, assessora social da FEAC, a oficina além de estimular novos hábitos alimentares, tem como proposta metodológica fortalecer o protagonismo, a participação, o desenvolvimento de habilidades manuais e sociais dos usuários. ressaltou.

Participantes

Muitos participantes começam a praticar o que aprendem na oficina antes mesmo de a concluírem. Este é o caso de Vanessa Prado Miossi, que já colocou seus conhecimentos e potencial culinários a serviço do empreendedorismo pessoal.

“Fiquei sabendo da oficina quando vi a faixa de divulgação passando pela Avenida Francisco Glicério.  Estou aprendendo muita coisa e isso me ajudou a abrir uma barraca na feira do Jardim Proença, onde faço bolo no pote e bolachas.  Eu já me interessava pela arte da culinária e agora me interessei mais ainda. Por isso, pretendo continuar a estudar nessa área e ser cada vez mais empreendedora. Quero começar 2018 nessa área de alimentação, enviar currículo e procurar cursos profissionalizantes”, disse Vanessa.

Já Henrique Yasuda ficou sabendo da oficina pelo amigo que já havia participado. “Gosto de gastronomia desde os 10 anos, quando descobri como é bom comer. Minha mãe me ensinou o básico, e com esta oficina, venho ganhando bastante conhecimento sobre assuntos como leis trabalhistas e higiene. Tenho planos de seguir na área, porque quero trabalhar com gastronomia e para isso, pretendo fazer um curso de culinária no Japão”, contou.

Para Raquel Ambiel Pinheiro, a oficina de auxiliar de cozinha está sendo uma oportunidade de reciclar e aprimorar conhecimentos. “Eu já tinha feito um curso técnico em nutrição há quatro anos. Agora, esta é uma oportunidade para que eu procure um emprego na área e posteriormente, eu faça uma faculdade de nutrição”, planejou.

Segundo Maria de Lourdes Maciel Leme, coordenadora geral da instituição, a Casa Santana atende cerca de 450 pessoas nas quatro unidades localizadas em Campinas.

Informações: http://www.casasantana.org.br/

(19.3232-2941, ramal 24).