(Por Laura Gonçalves Sucena)

Promover o desenvolvimento de competências profissionais que forneçam suporte à gestão das Organizações da Sociedade Civil (OSC). Assim, o projeto Gerir, por meio do Departamento de Assistência Social (DAS) da Fundação FEAC, está atuando com formação destinada a 33 instituições parceiras.

A ação, integrante do Programa Qualificação da Gestão das Organizações da Sociedade Civil, tem como proposta contribuir com conhecimento prático para aperfeiçoar a atuação das OSC de Campinas nas atividades que já executam. Além disso, proporciona um espaço para a troca de experiências e discussão de pontos relevantes para uma gestão mais qualificada e eficiente, com aplicação imediata.

A formação conta com a estratégia de trabalhar com questões aplicáveis. “O objetivo é conhecer a teoria e aplicá-la, semelhante a cursos de pós-graduação. Assim, os profissionais participantes podem utilizar os conteúdos nas instituições. Além da aplicabilidade, estamos trabalhando com temas que fazem a diferença e que são importantes”, explicou o gerente do DAS, Lincoln Moreira.

O projeto para aperfeiçoamento da gestão, que teve início em setembro, conta com quatro módulos. O primeiro, denominado Gestão Estratégica Financeira, tratou dos temas de saúde financeira, da necessidade de uma organização e planejamento financeiros anteriores à execução dos serviços, da segmentação de cada atividade ou projeto com um olhar específico e aspectos legais e foi encerrado no mês de outubro. O módulo 2, Planejamento, aborda os assuntos de editais de chamamento, planos de trabalho, políticas públicas e elaboração de projetos, e está em andamento, seguindo até fevereiro do próximo ano.

Já em 2018 acontecem os módulos 3 e 4, de Operação e de Relatoria, respectivamente. Neles serão tratados os assuntos de execuções técnica e financeira, gestão de equipes e de voluntários; e prestação de contas, relatórios físico e financeiro, accountability e comunicação de resultados. A previsão é que a formação siga até abril próximo, com mais dez encontros.

De acordo com o palestrante e professor Geraldo Figueiredo Filho, que atuou no módulo de Gestão Estratégica Financeira, a experiência foi muito interessante e contou com o interesse e envolvimento de todos os participantes. “No curso percebemos que temos pessoas abnegadas e sem a técnica do ferramental financeiro e que, mesmo assim, atuam em suas instituições no dia a dia e fazem acontecer. A FEAC está homogeneizando o conhecimento e trazendo novos conceitos na visão de projetos e sustentabilidade. Este é o caminho a ser seguido”, comentou.

O professor, que falou sobre organização financeira, segmentação e unidades de negócios, abordou os desafios da sustentabilidade no terceiro setor, os desafios da gestão, custos e despesas, orçamento, fluxo de caixa e muito mais. “A forma como a entidade elabora e direciona suas atividades e, principalmente, como utiliza seus recursos reflete significativamente em seus resultados. Por isso é importante utilizar os instrumentos disponíveis”, exemplificou.

Segundo a consultora e especialista em gestão pública, Gisele Santana, há, atualmente, uma preocupação dos municípios em capacitarem os servidores e o trabalho desenvolvido pela FEAC com os profissionais das instituições é louvável. “Na lógica da parceria, que é a lógica da lei, os dois lados têm que estar capacitados. Montar um plano de trabalho tem que ser feito nessa lógica da parceria. É importante as instituições se organizarem para definirem estratégias”, pontuou.

A consultora que falou sobre plano de trabalho e editais de chamamento enfatizou a importância do planejamento para se alcançar um objetivo de forma eficiente. Entre os assuntos destacados, Gisele também explicou as fases da parceria entre OSC e Administração Pública, que são baseadas no planejamento e gestão administrativa, seleção e celebração, execução, movimento e avaliação e prestação de contas.

Participação

De acordo com o superintendente socioeducativo da Fundação FEAC, Leandro Pinheiro, o projeto Gerir se constitui num espaço de aprendizado e troca de experiências sobre gestão de Organizações da Sociedade Civil. “A expectativa da FEAC é contribuir para o processo de reflexão das entidades em relação aos seus processos de gestão identificando oportunidades de melhoria e ganhos de eficiência que em última análise vão contribuir para aumentar seu impacto social”, pontuou.

Com 33 instituições e 49 profissionais de equipes técnicas participantes, o Gerir está sendo um sucesso de público. “Houve mais de 120 inscrições e, por meio de processo seletivo, tivemos que restringir o número de participantes para essa primeira etapa. Mas a intenção é dar continuidade ao trabalho e atender a todos, procurando contribuir com as entidades para que elas possam aperfeiçoar as ações que já executam e abrir novos caminhos”, explicou a assessora técnica do DAS, Sílnia Prado.

Para a gestora do Corsini, Flowers Aguiar, participar do Gerir é uma oportunidade de aperfeiçoamento. “O Corsini está passando por uma reestruturação e participar das formações nos dá uma ampla visão de plano de trabalho, leis, isenção e outros assuntos. Além disso podemos trocar informações com outras instituições e isso é enriquecedor”, pontuou.

A coordenadora administrativa do Centro de Educação e Assessoria Popular (Cedap), Daiane Begali, também concorda que os encontros estão promovendo uma rica troca de experiência entre as instituições. “Discutir assuntos comuns nos enriquece e esse período da implantação do Marco Regulatório nos traz muitas dúvidas, então os assuntos estão agregando valor aos nossos conhecimentos. Estramos pensando em imunidades, organizações, parcerias e descobrindo novas saídas e alternativas”, observou.

Célia Guimarães, técnica contábil da Apae Campinas, garante que o curso está sendo esclarecedor. “Agora temos um grupo no qual podemos discutir a realidade de cada instituição e percebemos que temos problemas em comum e nos unimos para resolvê-los. É importante nos fortalecermos para brigarmos por melhores condições juntos às parcerias públicas. Nossas informações, geralmente, chegam via poder público e nas capacitações estamos descobrindo onde acessar novas informações. Isso acaba nos empoderando”, relatou.