(Por Claudia Corbett)

Um passeio através do tempo. A história da economia cafeeira que movimentou a cidade de Campinas/SP na década de 1930 foi conhecida por crianças e jovens, com perda total ou parcial da audição, atendidos pela Associação de Pais e Amigos dos Surdos de Campinas (Apascamp), entidade parceira da Fundação FEAC.

Talita Oliveira Grécia, 19 anos, Giovana Dias Cavalcante, 12 anos e Jonathan Vasconcelos de Souza, 16 anos, acompanhados por uma intérprete de Libras, interagiram o tempo todo diante das informações contextualizadas pelo historiador do Museu do Café, localizado dentro do Largo do Café, no Parque Taquaral, bairro da Região Leste da cidade.  Para eles, o conhecimento foi um reforço para o que aprenderam na escola. Por intermédio da intérprete, Jonathan comentou com indignação sobre a escravidão e Giovana descreveu a beleza do casarão que abriga o Museu.

Segundo Juliana Panpanine Berteli, coordenadora de reeducação auditiva da Apascamp, passeios como este são ricos em aprendizado. O que as crianças e jovens vivenciam rendem muitos assuntos que durante meses são trabalhados em sessões de terapias realizadas na instituição e conduzidas por pedagogas, psicólogas e fonoaudiólogas. “Quando conseguem visualizar fica muito mais claro e nítido. E diante disso podemos inserir no vocabulário, dos usuários que têm baixa audição, novas palavras relacionadas ao tema do passeio. Eles ainda tiveram a oportunidade de ver fotos antigas que por si só contam a história. Isso facilita o entendimento do que foi relatado. O visual é muito importante para eles”, garantiu a coordenadora.

“As pessoas com deficiência auditiva têm direito garantido na Lei Brasileira da Inclusão (LBI) de participar de iniciativas como a visita ao Museu do Café. Mas é imprescindível que o local tenha recursos ou pessoas qualificadas para recebê-las e assim possibilitar a participação desta pessoa de maneira plena. O convívio social e a possibilidade de se comunicar são os meios para que as pessoas exercitem sua participação na sociedade e manifestem seus interesses, opiniões e desejos.  E essa comunicação pode ser feita de diversas formas”, contextualizou a assessora técnica do Departamento de Assistência Social (DAS) da Fundação FEAC, Regiane Fayan.

Aprendizado compartilhado

Todos os meses a instituição proporciona uma atividade diversificada da qual todos os usuários e suas famílias participam. “Como os atendimentos são individuais, eles nunca se encontram. Estas oportunidades são momentos de aprendizados e trocas”, explicou a coordenadora. As famílias contribuem para que isso aconteça. Fazem rateio para o aluguel do transporte e capricham nas comidas que levam para o lanche.

Estas atividades contribuem para fortalecer os vínculos das famílias com seus filhos. “Muitos pais não sabem como brincar com suas crianças surdas, por isso, promovemos a interação entre as famílias e equipe técnica. Desta forma, eles percebem que não estão sozinhos. Todos os que estão ali presentes têm um ente familiar com deficiência auditiva em baixo ou alto grau”, complementou Juliana.

Cristiane Batista de Abreu, mãe do pequeno Diogo Henrique de Souza, 3 anos, aproveita estes passeios para que o filho interaja com outras crianças que têm a mesma deficiência que a dele.

Pai de seis filhos, Samuel Gomes dos Santos não conhecia o Museu do Café. “Uma das minhas filhas é atendida na Apascamp e sempre que há iniciativas como estas, levo todas as crianças. É um momento de aprendizado para todos e minha filha fica feliz de ver que nós estamos juntos”, enalteceu.

Segundo a coordenadora da Apascamp, os resultados destas atividades mensais têm sido surpreendentes. “Conseguimos reunir nestes eventos integração, conhecimento e diversão”, finalizou.

Saiba mais: www.apascamp.org.br