(Por Ingrid Vogl)

O Bazar da Associação de Assistência Social São João Vianney é pulsante. Seu interior, que ocupa um amplo e comprido espaço dividido em dois ambientes, sempre está repleto de clientes garimpando roupas, acessórios, brinquedos e objetos para casa, como em uma verdadeira loja de departamentos.

Lá, tudo é organizado por setores e cores: tem a arara de roupas masculinas, femininas, o balcão com peças infantis, a prateleira com sapatos adultos e outra infantil, bijuterias dispostas de maneira a chamar a atenção de quem procura pelas peças e um balcão com diversos objetos e brinquedos que chama atenção pelas cores e variedade. Observando o local movimentado e disputado entre os clientes, é difícil imaginar que há pouco mais de um ano, só funcionava uma vez ao mês de maneira pouco organizada.

Tudo mudou quando a instituição recebeu o mutirão do Grupo de Ação Voluntária (GAV) do Centro de Voluntariado da Fundação FEAC, em dezembro de 2016. O GAV é hoje chamado projeto Mutirão Voluntário (MUVO). A iniciativa integra a carteira de projetos do Programa Cidadania, uma iniciativa da Fundação FEAC que investe em mobilização e engajamento com objetivo de energizar a sociedade para agir na superação dos seus desafios e promover o bem-estar social.

Graças ao mutirão, o Bazar foi totalmente reorganizado e ganhou dinamismo. “Quando recebemos o convite para o mutirão, vimos a oportunidade de aumentar a arrecadação por meio do bazar”, contou Elvira Regina Barbosa Mendonça, diretora pedagógica e de voluntariado.

“Foi um trabalho maravilhoso. Nós pintamos a sala para receber os voluntários, que transformaram o bazar em uma verdadeira loja atrativa, como imaginávamos que seria”, lembrou Maria Aparecida Vilela, coordenadora de projetos sociais.

Aliado à reformulação do espaço pelos voluntários, o próximo desafio da equipe foi manter a organização do bazar e traçar estratégias de captação de doações e vendas. O resultado de tudo isso foi o aumento de até 1.000% na arrecadação do bazar, o que representa cerca de 20% da renda total da instituição. Somente em 2017, foram doadas 10.996 peças, que atraíram 4.216 pessoas ao bazar.

“Reavaliamos o valor das peças e também conseguimos receber doações com mais qualidade, que chegam todos os dias. Isso acabou atraindo mais clientes e só foi possível com a ajuda da comunidade, que abraça conosco essa ação, participando como voluntários e também comprando no bazar”, explicou Elvira.

Outra estratégia adotada pela equipe que cuida do bazar é manter a variedade e circulação das peças. Se algo não é vendido depois de 3 ou 4 dias em exposição, a substituição é imediata. “É preciso sempre ter novidades para atrair os clientes, que são pessoas da região, da própria equipe da entidade e até mesmo de outras cidades, com um perfil definido: a maioria, mulheres, acaba comprando peças para toda a família e fica de olho nas promoções do bazar que sempre são divulgadas nas redes sociais da Vianney.

Renata Cristina Fernandes frequenta o bazar antes mesmo do espaço ser reformulado. Ela contou que com as roupas amontoadas e sem triagem, ficava mais difícil achar as peças que cada cliente procurava. “Hoje o espaço está preparado para receber os clientes e é fácil procurar as peças desejadas. A grande vantagem é que com R$ 10,00 pode-se sair daqui com várias peças. Acredito que com a crise, a tendência é que as pessoas procurem cada vez mais bazares e brechós com preços mais acessíveis que as tradicionais lojas.  É muito bom chegar em casa com um mimo para você ou para a casa”, disse a dona de casa, que na ocasião estava em busca de roupas para os filhos e que costuma frequentar o bazar a cada 15 dias.

Percorrendo todo o bazar, Vanilda Soares estava com a cesta de compras cheia. Frequentadora assídua, ela está todas as semanas garimpando algo. “Conheço o bazar há 30 anos e gosto de vir aqui, porque encontro pessoas queridas e sempre garimpo peças para minha família, para mim e para a casa”, disse, mostrando as diversas peças selecionadas.

Caso as peças não tenham saída do bazar ou sejam reprovadas quando chegam, elas podem ter vários outros destinos, como o armário que fica próximo à entrada no bazar para quem estiver precisando: é só pegar e levar. Algumas peças também compõe os enxovais montados para os bebês que acabam de nascer e até mesmo a destinação para bazares de outras instituições que ficam próximas da São João Vianney. Outra opção é a doação feita para uma comunidade vulnerável em Minas Gerais. Nada é desperdiçado.

Para Marcela Doni, líder do Programa Cidadania Ativa, a reformulação do bazar é uma ação que demonstra os impactos positivos do trabalho voluntário para as entidades e comunidades. “Com a readequação do espaço, as famílias da região fazem suas compras com o conforto que merecem e a instituição fortalece o espaço como uma fonte de recursos contínua. Esperamos que ações como esta inspirem outras pessoas a serem voluntárias”, avaliou.

 

Rede colaborativa

Para manter o bazar otimizado e organizado, a instituição criou uma rede de colaboradores voluntários. Somente no bazar, 10 voluntários atuam fazendo a triagem das doações, separando e organizando as peças e atendendo os clientes, todas as segundas das 13h30 às 16h30, quintas das 8h30 às 11h30 e no segundo sábado do mês, das 8h às 12h.

De cliente, Aparecida de Fátima se tornou voluntária do bazar. Hoje ela é responsável pela triagem das peças. Após se aposentar, resolveu se voluntariar na instituição. “Trabalhar no bazar é maravilhoso. Aqui a gente se gosta, se respeita e trabalha em conjunto. É um trabalho gratificante que me faz muito bem”, afirmou, entre a separação de um par e outro de sapatos femininos.

Em toda a Associação trabalham 35 voluntários integrados a outros 13 funcionários, e que são essenciais para o funcionamento do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, que atende 300 pessoas em suas duas unidades.

“A gente depende do trabalho voluntário para que tudo funcione todos os dias aqui na Vianney. Sempre temos café, abraços, sorrisos e atenção para os voluntários. Valorizá-los, dar liberdade para que possam escolher em que área querem trabalhar dentro da instituição e trabalhar junto a eles é essencial para mantê-los”, avaliou Sônia Aparecida Tófoli Alves, coordenadora administrativa.

Dessa maneira, a Vianney fideliza seus voluntários e une esforços para um trabalho que reconhece a trajetória de 60 anos da instituição, que recebe apoio institucional da Fundação FEAC, por meio do Programa Fortalecimento de Vínculos.

O resultado dos esforços voluntários aglutinados em prol da entidade permite aprimorar os serviços dedicados aos usuários. “Aqui, todos têm prazer e orgulho para fazer o trabalho com muita força de vontade”, concluiu Elvira.

Saiba mais: http://www.vianney.com.br/

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