Trabalhar as habilidades sociais das pessoas com deficiência intelectual para que tenham acesso ao mercado de trabalho e a uma efetiva inclusão na comunidade. Esta é a missão da Sorri Campinas, instituição conveniada à Fundação FEAC, que está prestes a completar três décadas de atividades.

Dentre os serviços ofertados destacam-se o projeto Arte e Cidadania que utiliza a arte como instrumento de capacitação a longo prazo. Antes da conquista profissional, o Arte e Cidadania busca resgatar a autoestima e segurança emocional de seus usuários. Fazem parte deste programa os Projetos AtuAção e TransformArte.

A Sorri tem, desde 2013, um programa denominado A Turma do Bairro formado por um grupo de bonecos que faz apresentações teatrais interativas, que visa conscientizar a comunidade sobre as questões que envolvem a deficiência.  Falam de como lidam com as suas dificuldades e limitações.

Com bom humor, as apresentações suscitam dúvidas respondidas pelos próprios bonecos.  As apresentações podem ser realizadas em empresas, escolas, encontros atendendo a crianças, jovens e adultos.

É uma experiência educacional única, através da qual as crianças aprendem a conhecer e a entender as deficiências, a partir de um diálogo com bonecos deficientes. Como resultado, elas se tornam mais sensíveis aos problemas das pessoas com deficiência, desenvolvendo uma atitude positiva de compreensão e aceitação.

A instituição possui também a ação Interação sem Limites e o Centro Dia que oferece serviços a pessoas com deficiência em situação de dependência, que necessitam de apoio para realizar cuidados básicos da vida diária.

A Arte como caminho

Com a missão de dar ênfase ao trabalho e renda para pessoas com deficiência, a Sorri Campinas sentiu a necessidade de oferecer espaços nos quais seus atendidos pudessem aprender funções práticas. E para isso foi criado o Interação sem Limites, que une os programas de Arte e Cidadania e Turma do Bairro para receber na sede da instituição escolas do município. Esta ação envolve os usuários desde a recepção dos alunos, elaboração dos lanches oferecidos, apresentação do teatro e  direcionamento das perguntas iniciais. Este envolvimento favorece a integração social dos atendidos, buscando resgatar a autoestima e segurança emocional, assim como noções e procedimentos de trabalho cooperado e para estimular o empreendedorismo e o encaminhamento ao mercado formal.

A atividade visa favorecer a inclusão social, rompendo com o estigma que envolve as pessoas com deficiência devido a interação promovida entre os alunos, professores, atendidos da Sorri, atores que compõe a Turma do Bairro e funcionários da entidade.

Nestas apresentações, dentro e fora da entidade, os 22 participantes do projeto Arte e Cidadania ocupam suas funções divididos em dois grupos. Enquanto alguns preparam o local da apresentação, fazem a recepção e ficam de apoio para as necessidades que surgem durante as sessões do teatro, os outros montam e servem os lanches. E na hora da interação com os bonecos, se a plateia está muito tímida, são eles quem lançam as perguntas. “Eles também são estimulados a tomar decisões caso alguém queira mais um lanche ou mais suco, por exemplo”, completa Ester.

Há sempre um rodízio do grupo entre as funções de auxiliar de cozinha, monitor e Staf para que todos tenham diferentes experiências e assim potencializem  suas habilidades.

Essa metodologia de vivência é trabalhada e avaliada pelos próprios usuários. Neste projeto eles convivem com a comunidade que passa a enxergá-lo com outros olhos, rompendo o estigma que inicialmente teve resistência ao serviço e a convivência com os usuários.

Este projeto é um dos maiores e mais completos desenvolvidos pela Sorri. “Estamos semeando uma quebra de paradigma do olhar para o outro”. A proposta do Arte e Cidadania é o protagonismo. O educador procura mediar pouco forçando-os a tomar a decisão.  “A deficiência não deixa que sejam protagonistas puros, mas mesmo assim conseguimos perceber o empoderamento deles”, enfatiza Ester.

Dentro do projeto, a educação financeira deixou de ser subjetiva.  Para dar noção exata do valor dos produtos e serviços, a atividade culinária começa com a compra dos ingredientes no supermercado, dentro de uma verba destinada. “Com esse procedimento já notamos uma evolução, eles já começaram a comparar os preços de produtos similares.  A proposta da educação financeira é que eles aprendam a sobreviver no concreto, tanto na teoria quanto na prática”, completa Maria Olímpia Luz, coordenadora técnica e uma das fundadoras da Sorri.

O exercício é fazer um paralelo entre o mundo do trabalho, o mercado de trabalho e o preparo para a vida para que possam lidar com as situações. As responsabilidades são trabalhadas todos os dias. Todas as atividades têm um feedback ao seu término, onde os próprios usuários avaliam os pontos positivos e outros a serem melhorados, estabelecendo novas regras, se assim for preciso.

Centro Dia de Referência  

Desde 2013, a Sorri Campinas vem realizando o atendimento no Centro Dia, serviço do âmbito da Proteção Social Especial de Média Complexidade do SUAS (Sistema Único de Assistência Social).  Este serviço foi o segundo a ser implantado no país e o primeiro no estado de São Paulo.

O serviço é direcionado para pessoas com deficiência e suas famílias, prioritariamente em situação de dependência, pessoas/famílias que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC), ou aqueles em situação de pobreza inseridos no Cadastro Único para Programas Sociais (Cadúnico). São jovens e adultos com deficiência física, intelectual, auditiva, visual ou com múltiplas deficiências, que precisam de apoio para realizar suas atividades. Duas vans, identificadas, circulam em lados opostos da cidade para buscar e levar os atendidos, todos os dias.

Com uma equipe formada por psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional e nutricionista, o Centro Dia atende 39 pessoas que recebem apoio para a realização de cuidados básicos da vida diária, como os autocuidados, arrumar-se, vestir-se, comer, fazer higiene pessoal, locomover-se, entre outras necessidades. A instituição ainda trabalha na busca do desenvolvimento pessoal e social, para favorecer a inclusão e a participação desse indivíduo na família,  comunidade, em grupos sociais, dentre outros apoios. “Temos um grande rol de atividades para atender cada uma das dificuldades. Qualquer melhora que eles demostram para nós é significativa”, relatou Maria Olímpia.

A instituição recebe todas as semanas outras organizações que buscam aprender com a sua expertise. “Somos, inclusive, indicados pelo Ministério do Desenvolvimento Social como referência neste serviço”, contou Maria Olímpia.

O serviço também tem como objetivo a orientação e apoio no domicílio junto aos cuidadores e ou familiares, para que incentivem a autonomia e a inclusão social deste ente.

Os projetos e programas da Sorri Campinas buscam a efetivação da implantação das políticas públicas voltadas à pessoa com deficiência, visando a inclusão do indivíduo na sociedade.

www.sorricampinas.org.br