(Por Laura Gonçalves)

Na Escola Estadual Ruy Rodriguez, localizada no Parque Itajaí, em Campinas/SP, o tema inclusão é discutido como um assunto que vai desde a convivência dos alunos em um mesmo espaço até uma mudança na organização de todo o trabalho pedagógico escolar.

Metodologia e estratégias diferenciadas, bem como planejamento pedagógico individual, integram o pacote de ações especialmente elaborado para atender aos alunos com deficiência.

O trabalho com os alunos que apresentam qualquer tipo de deficiência se constitui por meio de um conjunto de procedimentos específicos, de forma a desenvolver os processos cognitivos, motores, socioafetivos e emocionais do aluno.

Investimentos na unidade escolar com formações de professores, disponibilização de recursos para investimentos nos espaços escolares e também na sala de recursos multifuncionais vieram a colaborar com isso, graças ao projeto FEAC na Escola (FNE)*, da Fundação FEAC. “Tratamos as necessidades individuais com propostas de atividades pedagógicas que eliminam as barreiras para a plena participação do aluno e o desenvolvimento de sua aprendizagem”, informou a assessora técnica do FNE, Léia Gasparino.

Visando o atendimento educacional especializado, as professoras de educação especial também participaram de formações que auxiliaram o trabalho da promoção de condições de acesso e aprendizagem no ensino regular. “Com os recursos que o FEAC na Escola nos trouxe foi possível investir em novos materiais didáticos, adquirir jogos pedagógicos e, o mais importante, investir nos nossos professores”, explicou a coordenadora pedagógica, Andrea Sarur.

Outro destaque foi a formação continuada em referenciais teóricos e práticos para melhoria do clima escolar. Com isso, foi possível discutir aspectos das relações interpessoais na escola, perpassando por bullying e violência, bem como, respeito às diferenças e necessidades individuais, completou Léia.  

Apoio Especializado

O trabalho na sala de recursos ainda é complementado com orientação aos professores do ensino regular, juntamente com a equipe pedagógica. A ação está focada nas adaptações curriculares, avaliações e metodologias adotadas pelos professores. “O educador especial atende de forma individual o aluno com deficiência, com ênfase à complementação do trabalho do professor das disciplinas. Garantimos apoio pedagógico especializado, porque muitas vezes o trabalho se perde nas salas de aula, com a correria do dia a dia”, frisa a professora de educação especial, Daniela Bacellar.

De acordo com Daniela, o primeiro passo para o atendimento ao aluno com deficiência é a entrevista com a família. “Como a Ruy Rodriguez é a escola referência da região, atendemos alunos de todas as unidades de bairros próximos, então a primeira coisa que fazemos é a reunião com as famílias. Depois é feita a avaliação do aluno, elaboração do Plano de Atendimento Individual (PAI) e programação de ensino”, destacou.

A Ruy Rodriguez atende atualmente 30 estudantes com deficiência, sendo 15 deficientes auditivos e 15 deficientes intelectuais. A unidade conta com três professoras de educação especial, sendo uma para deficiência auditiva e duas para deficiência intelectual. “A sala de recursos multifuncionais nos tornou referência para atendimento de alunos dos bairros Parque Itajaí, Satélite Iris, Campo Grande, Santa Clara e Ouro Preto. É um desafio mantê-la, mas o recurso do FNE permitiu investir em materiais didáticos e pedagógicos e melhorar o atendimento aos estudantes com deficiência auditiva e intelectual”, acrescentou a coordenadora.

“Com o FEAC na Escola também investimos em diversas formações e nosso corpo docente ganhou na capacitação para melhoria da prática pedagógica.  Mas sem dúvida, o maior ganho que tivemos está relacionado à inclusão. A educação inclusiva tem provocado mudanças na escola e na formação docente. A organização de uma escola para todos prevê o acesso à escolarização e ao atendimento das necessidades educacionais especiais”, exemplificou Andrea.

Os alunos que frequentam a sala de recursos multifuncionais também aprovam o trabalho. “Acho que o que faço aqui me ajuda na sala de aula e facilita o aprendizado. Faço leitura, escrita e também participo de diversas atividades temáticas que eu gosto bastante”, falou o estudante do 7º ano, Lucas Figueiredo Leal, deficiente auditivo. “Eu também gosto de participar das atividades da sala e de fazer contas e ler”, completou Samuel Vinícius Vieira da Silva, também de 12 anos.

Samuel, que é atendido pela professora Daniela desde pequeno, ainda frequenta a entidade Apascamp – Centro de Diagnóstico e Reabilitação Auditiva, parceira da Fundação FEAC, que tem como foco a reabilitação da pessoa com deficiência auditiva e realiza atendimento na área de saúde em audiologia clínica e otorrinolaringologia, além de oferecer os serviços de audiologia educacional, pedagogia e serviço social. “Nós achamos muito importante esses alunos com algum tipo de deficiência frequentarem instituições especializadas. Por isso, sempre que é necessário nos comunicamos com as entidades e fazemos o encaminhamento dos alunos”, completou Daniela.

FEAC na Escola *

Criado em 2010, o projeto FEAC na Escola tem o objetivo de contribuir com as escolas para que estas executem plenamente os planos de ensino/aula e planos de avaliação e recuperação. O projeto FEAC na Escola atua em três eixos: Ensino-Aprendizagem; Gestão de pessoas e processos; e Relação com a Comunidade. Para a execução do projeto, a Fundação FEAC disponibiliza apoios técnico (assessoria) e financeiro que possibilitam a operacionalização das ações nas escolas participantes.

 

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Salas de Recursos Multifuncionais
As salas de recursos multifuncionais são ambientes dotados de equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento educacional especializado. Têm como objetivos prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular aos alunos com necessidades educacionais especiais. Permitem desenvolvimento de estratégias de aprendizagem centradas em um novo fazer pedagógico que favoreça a construção de conhecimentos pelos alunos, subsidiando-os para que desenvolvam o currículo e participem da vida escolar.