(Por Claudia Corbett)

O que você vai ser quando ‘crescer’? A resposta para esta pergunta está na ponta da língua dos jovens que participam da oficina Mundo do Trabalho, realizada pelo Centro Promocional Tia Ileide (CPTI), entidade parceira da Fundação FEAC. A atividade, que agora acontece no período da noite, faz parte do projeto Metamorfose, criado em 2013, e integra as estratégias do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos.

A expectativa da inserção no mercado de trabalho fez aumentar as demandas por parte de jovens e adolescentes que se veem em dificuldades diante da necessidade da montagem do currículo e na hora da entrevista de emprego. “Percebemos que os jovens mais velhos estavam com dúvidas e bastante despreparados”, contou o educador social responsável pela oficina, Rodrigo Soares. Criada em 2016, no início a oficina era ofertada nos períodos da manhã e tarde, em parceria com o Centro de Integração Empresa Escola (CIEE).

Segundo o educador, a ideia da mudança da oficina para o período da noite surgiu pela dificuldade dos jovens participarem da atividade pela manhã. Além disso, os adolescentes que frequentavam a oficina à tarde já se organizavam para também usar o espaço do CPTI para roda de conversa e jogar bola. “O número de jovens era expressivo então resolvemos mudar a oficina matutina para o período da noite.  A adesão foi um sucesso, começamos com 15 e hoje estamos com 30 adolescentes e jovens”, comemorou.

Desde o dia 7 de março, as atividades voltadas ao Mundo do Trabalho vêm sendo realizadas das 18h30 às 21h30, às terças, quartas e quintas-feiras. Muitas adequações foram feitas em seu formato. “Antes eram apresentações de slides e conversas. Resolvemos adaptar para jogos teatrais e dinâmicas, com uma pegada mais lúdica e isso começou a fazer sentido para trabalhar a timidez, que é muito forte nos adolescentes. Fortaleceu o grupo e os jovens começaram a se soltar e participar mais dos debates”, esclareceu Rodrigo.

“Ajustar o horário dos Serviços ofertados na Instituição, de acordo com as demandas dos territórios, ressalta o comprometimento em atender de fato as reais necessidades dos usuários e moradores locais”, constatou a assessora social do Departamento de Assistência Social da Fundação FEAC, Carla Nascimento.

As oficinas iniciam sempre com uma dinâmica inspirada em entrevistas de emprego. Na sequência uma parte teórica dá suporte para uma roda de conversa. A atividade encerra com uma ação mais agitada como dança, por exemplo, ou a criação de um produto. Nesta última os participantes são instigados a desenvolver a criatividade desde a montagem, até na ideia de venda do item. Além disso, eles aprendem também sobre identidade visual, logotipo, cores adequadas para cada segmento e noções de marketing.

“Eles gostam muito da prática. Sempre estão ansiosos para interagir com os companheiros e conversar”, exaltou o educador.  Para Débora Cristina Colin, 17 anos, que pretende ser diplomata, o formato deste curso à noite tem mais maturidade. “Estou aprendendo muito”, garantiu a garota.

“O CPTI, para além da observação dos profissionais envolvidos nas atividades, envolve ainda, diretamente, os usuários nas reflexões para que o Serviço esteja em constante qualificação. O sucesso das oficinas e o aumento dos participantes é resultado dessa integração”, frisou Carla Nascimento.

Roda das Profissões

A curiosidade de saber mais sobre as profissões foi manifestada pela maioria dos adolescentes, desde o início da oficina, em 2016. A demanda foi assumida pela Deloitte Brasil, uma das empresas parceiras da instituição. E a partir de março deste ano, a Roda das Profissões está programada para ser realizada em todas as primeiras quartas-feiras do mês. “Uma experiência nova que nos dará sempre mais conhecimento. Muito legal conhecermos as diversas áreas das profissões e das empresas”, contextualizou, Adrian Willy Florentino, 15 anos, que está dividido entre a carreira de médico e psicólogo.

As profissões apresentadas mensalmente fazem parte de uma lista elaborada com os próprios jovens. A primeira a ser apresentada foi a profissão de psicólogo. Em uma roda de conversa as atividades que envolvem a psicologia foram debatidas junto aos jovens por Cristiane Reda Nogueira. A psicóloga esclareceu como é a formação e como se realiza o trabalho dentro de várias vertentes da psicologia. “Achei muito instrutivo. Agora estou confiante do que eu quero ser profissionalmente”, garantiu Guilherme Antônio, 17 anos.

Segundo a assessora social da Fundação FEAC, na rede socioassitencial, assim como em outros serviços que atuam diretamente com o público jovem, é comum a fala de que não é fácil o trabalho com essa faixa etária.  “Quando nos deparamos com resultados como o da oficina supracitada, é impossível não nos questionarmos: Será que estamos oferecendo atividades que atendem as demandas desse público? Qual é a participação e envolvimento no planejamento das atividades? Será que é difícil trabalhar com essa faixa etária, ou difícil é desconstruirmos, recriarmos, reinventarmos, favorecermos a participação?”, questionou.

Mais Informações: www.cpti.org.br