(Por Ingrid Vogl)

Vamos brincar? Esse foi o desafio do Motiva a Brincar, iniciativa do programa Cidadania Ativa, da Fundação FEAC, que buscou oferecer formação para voluntários que queiram ter um conhecimento mais direcionado sobre a prática do brincar.

Renato Barboza, ecobrinquedista e designer de brinquedos, liderou a formação que envolveu os participantes em brincadeiras e dinâmicas do início ao fim. De forma leve e descontraída, todos tiveram acesso a conhecimentos teóricos e práticos, que abordaram diferentes aspectos do brincar a partir de materiais que potencializam a interação e a ludicidade com o objetivo de promover a ampliação do repertório lúdico de quem deseja desenvolver o trabalho voluntário.

O encontro provocou a reflexão sobre o papel do adulto na promoção do brincar e sobre as potencialidades da prática no desenvolvimento humano. Segundo Renato, a proposta da formação foi essencialmente reforçar a valorização do brincar como um momento de liberdade e plenitude.

Para ele, brincar vai muito além de momentos de ludicidade: o brincar deve gerar desenvolvimento e quando tem plenitude, gera seres humanos mais críticos, criativos e que conseguem resolver problemas, gerenciar conflitos, se desafiar e lidar e aceitar frustações, além de auxiliar na formação saudável de pessoas competitivas. 

Construindo o brincar

Partindo do princípio que o brincar tem a ver com os sentidos, principalmente na primeira infância, qualquer objeto pode ser um brinquedo. E para treinar a construção com os participantes, Renato disponibilizou uma infinidade de materiais, como caixas de fósforos, barbantes pedras, embalagens de plástico, papéis etc. Assim, o auditório da FEAC se transformou em uma verdadeira fábrica de brinquedos com objetos não estruturados. O resultado foram diversos personagens, com nomes e histórias de engajamento em causas como meio ambiente e empoderamento.

“Muito mais do que mostrar brinquedos para que os participantes reproduzissem, o intuito foi mostrar que o brincar é um momento de liberdade, de troca e aprendizagem entre o voluntário e a criança. O voluntário sempre tem um repertório cultural que pode ser compartilhado com as crianças, mas por outro lado, deve também dialogar com a vivência que as crianças já têm, procurando levar novos desafios”, explicou o ecobrinquedista.

No trabalho voluntário, Renato defende que o adulto deve se portar como um ser brincante e ter respeito e um olhar para construir e ampliar seu repertório de ludicidade. “Assim acontece um trabalho em que o próprio voluntário se constrói como ser humano, sendo uma oportunidade de conhecer mais sobre si mesmo e sobre o mundo diferente da caixinha onde ele vive”, disse.

Inspiração

Além de se divertir e aprender, os participantes do Motiva a Brincar – edição especial e temática do projeto Motiva – saíram verdadeiramente inspirados da formação. “Para mim foi enriquecedor: entrei com a ideia de que seria uma formação totalmente teórica e saí com a vivência prática, pronta para desenvolver o trabalho. O mais bacana foi sair daqui com um novo olhar e novas ideias sobre essa questão do brincar. Me sinto mais preparada para meu trabalho voluntário”, afirmou Karine Cardoso, voluntária em um abrigo. 

Pronta para desenvolver o voluntariado e em busca de um lugar para atuar, Ivani Rosa de Souza Guerra diz ter dado o primeiro passo para ser voluntária com crianças. “Adorei ter o contato com as pessoas e compartilhar dos conhecimentos do ecobrinquedista. A infância é a primeira fase do crescimento pessoal e quero ajudar no desenvolvimento desta etapa”, disse a participante, que ficou entusiasmada ao achar por meio da internet a oportunidade de participar da formação.

Motiva direcionado

O Motiva a Brincar foi a primeira formação temática de uma série de encontros para voluntários que a FEAC já realiza bimensalmente. Segundo Marcela Doni, responsável pelo projeto Motiva e líder do Programa Cidadania Ativa, a ideia é que os encontros temáticos qualifiquem ainda mais a formação oferecida a quem pretende desenvolver trabalho voluntário.

“Brinquedos prontos não despertam a criatividade, inclusive dos adultos. Com a utilização de objetos simples, usados no dia a dia, nós adultos voltamos a ser criança e a brincar. Muitas vezes, quando uma criança ganha um brinquedo pronto, ela pergunta: O que isso faz?, mas quando ela recebe um objeto não estruturado que pode ser muitas coisas, a pergunta é: O que eu posso fazer com isso? Formar voluntários com este olhar e compor a Semana do Brincar com esta ação abriu com chave de ouro os Motivas temáticos”, afirmou Marcela. 

O brincar foi escolhido como primeiro tema da série de encontros especiais do Motiva em razão da Semana Mundial do Brincar, proposta do movimento internacional Aliança pela Infância, que mais uma vez foi inspiração para a Fundação FEAC estimular e incentivar a temática.

O Motiva é um dos projetos do Programa Cidadania Ativa, uma iniciativa da Fundação FEAC que investe em mobilização e engajamento de todos, com objetivo de energizar a sociedade para agir na superação dos seus desafios e promover o bem-estar social.

O próximo Motiva temático será o Motiva a Captar (recursos), dia 30 de junho, às 9h, na sede da FEAC, com a palestrante Marília de Lima.

Inscrições e informações: https://www.feac.org.br/motiva