(Por Laura Gonçalves Sucena)

Quando os atletas se reúnem no Centro Esportivo de Alto Rendimento todas as diferenças são superadas e o que importa é o treino. Na rotina dos esportistas da Associação Paraolímpica de Campinas (APC), dentro das pistas de atletismo e nas piscinas de natação, o que conta mesmo é o suor e força de vontade.

Completando 10 anos neste mês de maio, a instituição, com quem a Fundação FEAC estabelece pontuais parcerias, visa difundir as potencialidades das pessoas com deficiência por meio das atividades esportivas. “Nossa intenção é garantir a autonomia e a inclusão. A prática de atividade física e os esportes são grandes instrumentos de reabilitação e de habilitação de pessoas com deficiência, mas, sobretudo, têm propiciado a inserção e valorização dessas pessoas na sociedade”, explicou o gerente de projetos da APC, Luiz Marcelo Ribeiro da Luz.

De acordo com Luiz Marcelo, além de sistematizar as diversas ações que permeiam o paradesporto, oferecendo condições técnicas e materiais para a realização dessas atividades, a APC também promove a inclusão da pessoa com deficiência. “O esporte também é uma das grandes ferramentas para trazer qualidade de vida e a socialização, e soma-se a isso que a pessoa com deficiência é a que mais necessita de atividade física para evitar sequelas e doenças associadas à inatividade”, completou.

Atualmente, a associação conta com 50 atletas, mas a meta é aumentar esse número. “Procuramos parceiros e apoiadores porque temos condições físicas para atendermos mais pessoas. Já chegamos a contar com 150 esportistas, mas sem apoio financeiro não é possível prosseguir com nosso trabalho e garantir a qualidade”, explicou o gerente.

A APC também procura parcerias para receber interessados em praticar atividade física e iniciar no mundo do paradesporto. “Temos contato com diversas entidades e recebemos pessoas com deficiência de instituições como Pro-Visão, Instituto dos Cegos Trabalhadores, Casa da Criança Paralítica e Centro de Reabilitação de Sousas. Mesmo com pouco apoio, queremos atender deficientes que tenham interesse no esporte”, assegurou Luiz Marcelo.

Segundo o gerente, para iniciar na APC não é necessário ser atleta. “Nós atendemos deficientes físico, intelectual e visual. A pessoa passa por uma avaliação para ver se é elegível à prática esportiva, uma vez que existe a condição funcional exigida como regra do esporte. E assim começamos a prática esportiva, que não é o processo de reabilitação clínica”, enfatizou.

“Recebemos desde crianças a partir de 8 anos, até adultos. Nosso atleta Tiago, de 16 anos, por exemplo, nunca tinha praticado atividade física e hoje é uma promessa na natação”, exemplificou Luiz Marcelo. O adolescente Tiago Oliveira Ferreira que treina há 6 meses, já conta com 17 medalhas e participa de vários campeonatos.

Para o assessor social do Departamento de Assistência Social da Fundação FEAC, Alann Scheffer Oliveira, o trabalho realizado pela APC visa o alto rendimento, ou seja, a busca de resultados. “A competição, enquanto característica inerente ao esporte, também é visível no esporte praticado pelas pessoas com deficiências, assim a entidade colabora para o desenvolvimento do paradesporto municipal, estadual e nacional. Assim sendo, a APC presta relevantes trabalhos sociais na política pública de esporte, o que é muito importante”, apontou.

Inclusão e superação

 Já é sabido que o esporte melhora a condição cardiovascular dos praticantes, aprimora a força, a agilidade, a coordenação motora, o equilíbrio e o repertório motor. No aspecto social, proporciona a oportunidade de sociabilização entre pessoas e garante maior independência no dia a dia. No lado psicológico, o esporte ainda melhora a autoconfiança e a autoestima.

“Todos os benefícios que o esporte traz servem também para a pessoa com deficiência. A prática de atividade física e os esportes são grandes instrumentos de reabilitação e de habilitação de pessoas com deficiência, mas, sobretudo, têm propiciado a inserção e valorização delas na sociedade”, falou Luiz Marcelo.

Para o atleta Maik Dias Custódio, medalhista dos 100 metros rasos, o esporte traz uma inclusão social muito grande, até mesmo com a família.  “Minha mãe fica orgulhosa quando ganho uma medalha, e isso te traz uma confiança, um reconhecimento. Quando sofri o acidente achava que tinha me limitado, mas a família sofre ainda mais. Entrei para o paradesporto por mim e por eles”, contou.

Gisele do Nascimento Pacheco, atleta da natação, garante que o esporte traz autonomia para a pessoa com deficiência. “Há um ganho de mobilidade e independência física e emocional. Mostramos para a nossa família e para a sociedade em geral que podemos sair, viajar, e isso de certa forma é um descanso para todos”, acrescentou.

De acordo com o assessor social Alann, a família tem papel importante para todos. “Sabemos que o esporte contribui de maneira efetiva na formação da pessoa. Em relação ao paradesporto, o esporte ganha status como um dos principais fatores para a ‘superação’ da ‘deficiência’. O esporte contribui para que a pessoa com deficiência se veja enquanto pessoa e não deficiente. Este, com certeza, é um grande aspecto”, comentou.

Jeferson Prado Mendonça, do atletismo, conta que sempre lutou e quis fazer suas coisas por conta própria. “Quando sofri o acidente, ter uma prótese era um luxo, mas minha família conseguiu comprar e eu acreditei em mim. Sempre achei que poderia fazer tudo, sempre tive muita coragem. O esporte sempre esteve ao meu lado e me ajudou. Já participei de campeonato de braço de ferro e fui campeão mundial em 2004; depois joguei basquete, fiz ciclismo e agora estou no atletismo”, concluiu.

Mais informações: www.apccampinas.org.br; www.facebook.com/apccampinas[email protected]